sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Minha dose de você



Estou deitada, escrevendo, lendo, assistindo, rindo, conversando, ouvindo, pensando, vivendo, e eis que derrepente você me surge... Antes, era certo, você vinha em direção ao meu olhar que brilhava, enraivecido ou talvez sonhador; E com o tempo, você já não atingia só o olhar, você pegava meu pensamento, que voava longe, mas por vezes batia rente à realidade; Depois disso, você veio e tão cegamente, friamente, impulsionalmente passou a bater à porta de meu coração, o que volta e meia me deixava desnorteada; E agora, aqui estou eu, não sabendo se sorrio ou se choro, já não sei mais o que você atinge fortemente, explicitamente em mim, já não sei que parte do meu corpo, que parte de mim é o seu foco, não sei se é olhar, pensamento ou coração, ou se é tudo junto... Só tenho certeza de uma coisa, e seja lá que sentimento doido, feliz, bizarro for esse, é de dentro, é de verdade!

Aqui continuo eu, deitada, e derrepente uma música começa a tocar no meu playlist de músicas melódicas, depressivas, que me entendem como ninguém nesses meus momentos sombrios, estranhos, incompreensíveis e induvidavelmente apaixonados... É, é exatamente aquela música, aquela, que você um dia pegou o violão da mão de um amigo nosso no meio de uma aula extra e pôs-se a tocar para mim, aquela que podia ser um funk, um metal, um rock, mas quando veio de você, passou a ser melodia, delicada, finérrima, como música clássica. Mas não, não era nada disso, era apenas um pagode, que retratava exatemente como eu em um dia de boa menina apaixonada sonhei com você falando para mim, dedilhando para mim, dedicando à mim. Então, eu paralizo a respiração, a audição, o coração, o olhar, o sorriso em meu rosto; Fica tudo estático em meu rosto de "idiota" até que minha audição me garanta que a música que estou a ouvir foi a mesma que você pôs-se a tocar... É, não tem jeito, é a música, meu corpo que por si só parecia não crer tenta se desviar do pensamento mais consumidor, a lembrança. E assim, tudo vai mudando de forma, o sorriso desaparece, a respiração fica ofegante como se eu tivesse corrido uma maratona, o coração pulsiona forte exatamente como ocorreu na hora que você tocou a música, meus ouvidos voltam-se a somente ouví-la, e ao mesmo tempo meus olhos se enxem de lágrimas.

Eu sento na cama agora e tento não pensar nisso, tento abstrair você de mim, mas isso seria mais difícil do que tentar te conquistar em meio a fila de garotas que tem atrás de você.
No meio da música, ouço o soar de um telefone tocando, é meu celular, e o "soar" vai se transformando em um barulho ensurdecedor, eu sacudo a cabeça, limpo as lágrimas, engulo tudo à seco e pego o celular, e ai eu o abro e vejo escrito o seu nome... Não, eu me garanto em altas e claras palavras: -"Eu não vou enlouquecer agora, nem chorar mais, para, para com isso sentimento, age normal". E eu te atendo e você na maior cara-de-pau tem coragem de me perguntar se tá tudo bem, e eu pergunto a mim mesma, se você tem coragem de me perguntar se tá tudo bem, porque não tem coragem de ouvir o que eu tenho para te dizer, porque fugir? E te respondo no maior orgulho que está melhor impossível; Você me chama para sair e ai se alguém tem que ter coragem, decidi que seria eu mesma e te respondo exatamente assim: -"Não, só por hoje já chega de você!", e desligo, jogo o celular longe, saio da cama e caminho até o computador, tiro a música, saio do playlist emotivo e entro no de menina livre; Eu já era livre e sabia disso, só que eu me prendia a ti enquanto não conseguia te dizer adeus, mas penso e hoje percebo que sem falar essa palavra fatal, eu a deixei implícita em minha estupidez e grosseria contigo. Sei muito bem que um dia ficarei arrependendida, mas quero viver hoje pensando no presente e o futuro, depois eu me preocupo... Então, só por hoje já tomei minha dose de você!

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